sexta-feira, abril 04, 2008

precaridade laboral e empreendedorismo

Tiago, ainda bem que achas que a precaridade laboral e empreendedorismo andam de mãos dadas no sentido: não há emprego logo há maior empreendedorismo!
Depois também fazes a assumpção de que muitos dos licenciados não se esforçam, e encaras as dificuldades actuais como forma de os sujeitos se tornarem proactivos. Infelizmente a proactividade não existe porque se tem um curso e não existe trabalho. Quem tem tendência a ser proactivo sê-lo-á, com emprego ou há procura de emprego, ou de maneira a se safar na vida.
Outra assumpção que acho curiosa, é a de que quem se esforça tem sempre emprego. Ora, a prova é que mesmo estudando, com licenciatura, mestrado ou doutoramento não há emprego em determinadas àreas, porque aqueles que se safam na proactividade dos lobbys e compadrios muitas vezes ocupam lugares para os quais não têm habilitações - Portugal está cheio de pessoas proactivas como estas! Lembro-me por exemplo que o Governo teve que criar um programa que possibilite a absorção dos doutorados por parte das empresas porque existem n deles desempregados. Ah! Talvez a culpa seja deles, nunca se esforçaram!!!!!!
Depois pensaste apenas nos que estudam ou têm estudos, os outros, aqueles que ainda hoje têm o 9.º ou o 12.º ano, então ainda vivem em piores condições...
Não te esqueças do que defendes se algum dia não tiveres o que comer, nem casa para viver, nem forma de sustentar a tua família.
A precaridade laboral criada com o novo código do trabalho do PSD e agora a flexisegurança do PS (engraçado, um de direita e o outro de esquerda, no entanto olhando para as políticas laborais ninguém diria que são partidos diferentes) garantem ao nosso País uma autoestrada para o subdesenvolvimento social, cultural e económico.
Espero que estejas enganado, e que a minha geração saiba lutar pelos seus direitos e deveres não caindo na apatia profunda de que "a política não me interessa", "são todos iguais", "não há ideais", "direita e esquerda não existem", "direita e esquerda é tudo igual", etc.
Quando não há ideais não há pelo que lutar. O Ideal é algo a que se aspira. Se não aspiras a nada, o que tens para defender?!
Eu, ao contrário de ti, não acredito "na força do pensamento positivo", acredito no trabalho que se faz em vista dos objectivos que se têm.
Engraçado, sabes que no fim escreveste um contrasenso: acreditas que as pessoas têm que se fazer valer pelo seu esforço, e têm sempre que se esforçar mais e mais, mas depois dizes "acredito na força do pensamento positivo". Eu acredito na força da acção humana. Vivemos e somos o que construímos, aquilo por que lutamos.

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