quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Como lidar com jornalistas

Isabel Stilwell, Directora do jornal Destak, dá uma lição, na edição de hoje em Editorial.
Pela pertinência do texto, reproduzo o mesmo!

É urgente aprender a lidar com jornalistas
27 02 2008 08.31H

Devia haver lições de como lidar com jornalistas. E a primeira regra, que qualquer cidadão teria de aprender, é que se pode, e deve, dizer «Não» a um repórter, sempre que assim se entender fazê-lo. O jornalismo é um contra-poder fundamental, ninguém põe isso em causa. E deve denunciar as situações todas e mais algumas, desde que o seu trabalho seja fundamentado. Mas não é polícia, nem é mandatado por nenhum tribunal. Não tem qualquer poder para «interrogar» as pessoas, ou de obter delas uma resposta. Fechar a porta na cara de uma câmara de televisão não é crime, assim como não é reprovável desligar-lhe o telefone na cara, ou recusar-se a responder às suas perguntas.

O pior é que as pessoas têm medo e se sentem indefesas. E a realidade prova que com razão. Ainda há dias, uma revista cor-de-rosa fazia capa com uma figura pública, «revelando» que consultava uma vidente. Lá dentro quatro páginas sobre o assunto para no último parágrafo se escrever que a pessoa (sic) «optou por negar» esta história, dizendo que era falsa, dando ainda por cima à recusa um toque de ironia. Mas e se é mesmo verdade, pergunta o leitor. Publica a história, mas assinala logo na primeira linha (neste caso na capa) que o objecto do seu texto nega tudo aquilo. Cabe-lhe, depois, provar o que afirma, nomeadamente em tribunal.

Frente a estes inquisidores, as pessoas sentem-se intimidadas «a colaborar». Sabem que se disserem Não, vão ser acusadas de mentir; se se remetem ao silêncio, acusadas de calarem e consentirem; se respondem torto, é porque além de criminosas são malcriadas, e por aí adiante. Sabem que o jornalista tem a faca e o queijo na mão, e que quando quiserem vir «emendar a mão», já aquela versão da sua vida circula por milhares de bocas. Decididamente, temos que ter a coragem de apresentar queixa contra estes Zorros sem escrúpulos, quando atentam contra o nosso bem mais precioso: o direito ao bom nome.

Isabel Stilwell editorial@destak.pt

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