segunda-feira, maio 07, 2007

políticas liberais e "não neoliberais"

Apesar de todas as políticas praticadas desde o Chile de Pinochet até aos States de Bush, com todas as jogadas económicas, "a 'globalização' e 'neoliberalismo', como motores do crescimento económico e o desenvolvimento dos países, não reduziram as desigualdades e a pobreza nas últimas décadas" (Jomo Sundaram, secretário-geral adjunto da ONU para o Desenvolvimento Econômico, e Jacques Baudot, economista especializado em temas de globalização, in Flat World, Big Gaps).
Tiram ainda outras conclusões "A desigualdade na renda per capita aumentou em vários países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico) durante essas duas décadas, o que sugere que a desregulação dos mercados teve como resultado uma maior concentração do poder económico." A liberalização do fluxo de capitais financeiros internacionais, que era apontada como uma maneira segura de fazer os capitais jorrarem dos países ricos para irem irrigar as economias dos países pobres, deles sedentos, funcionou exatamente ao contrário. O fluxo de dinheiro inverteu-se, e os capitais fugiram dos países mais pobres, indo para os mais ricos: "Houve uma tremenda liberalização financeira e se se pensava que o fluxo de capital iria dos países ricos aos pobres, mas ocorreu o contrário", referiu Sundaram - "os EUA recebem investimentos dos países em desenvolvimento, concretamente nos bónus e obrigações do Tesouro, e em outros sectores" (Globalização não reduz desigualdade e pobreza no mundo, diz ONU. Agência Efe. In: Mundo, Folha online).
A "liberalização" de fluxos financeiros é muito assimétrica. Os países que mais defendem a liberalização total dos fluxos de capitais não a praticam dentro das suas fronteiras. Os Estados Unidos, com o seu forte discurso liberalizante criou, por exemplo, a "Community Reinvestment Act" (Lei do Reinvestimento Comunitário) que obriga os seus bancos a reaplicar localmente parte do dinheiro que captam na comunidade. A Alemanha resistiu a todas as pressões para "internacionalizar" os seus capitais; hoje 60% da poupança da população alemã está em caixas municipais, que financiam pequenas empresas, escolas e hospitais. A França criou um movimento chamado "Operações Financeiras Éticas". A apregoada liberdade irrestrita para os fluxos de capitais parece ter sido adoptada apenas pelos países sub-desenvolvidos, que se vêem frequentemente submetidos a graves crises causadas pela sua vulnerabilidade às violentas movimentações especulativas mundiais (PINHEIRO, Márcia. A nova ordem mundial, in Sem rédeas nem juízo. Especial. Revista Carta Capital, nº 434, 7/3/2007, pp. 8-13).
Acerca dos países considerados anti neoliberais:
Néstor Kirchner na Argentina e Hugo Chávez na Venezuela só cometem erros, dizem os neoliberais. Mas, os seus países continuam a crescer: a Argentina cresce a mais de 8% ao ano desde 2003 e a Venezuela tem crescido a mais de 10% a.a. desde que foi derrotado o golpe de estado contra Chávez, em Abril de 2002. Crescimento do PIB, Argentina 2003-07: 8,8%, 9,0%, 9,2,%, 8,5%, 7,4%; Venezuela 2004-07: 18,3%, 10,3%, 10,3%, 7%. (COSTA, Antonio Luiz M. C. Vidas Paralelas. Nosso Mundo. Revista CartaCapital nº 434, 7/3/2007 pp. 30-32).

1 comentário:

Unknown disse...

Mas... Já leu o livro de Junho? Não leu? Vai comentar? Quer Chá com Scones?
Só postar! Só postar!Ai!

http://absolutamenteninguem.blogspot