terça-feira, junho 13, 2006

faz um ano que partiste...


"Hoje é o dia do teu funeral...
Lembro-me de ti na Soeiro, ainda eu era muito pequenina. Fiquei encantada, radiante, quando o meu tio me apresentou à tua pessoa. Recordo-te um homem com um olhar penetrante, sorriso largo, contador de histórias, atencioso... Com os teus cabelos brancos... um avô!

Por muito que na altura eu não entendesse a grandeza do projecto que defendias, sei que foi o conhecer-te que me fez ver que há pessoas diferentes, ideias diferentes, ideais diferentes, que no colectivo, com a luta e, o trabalho se pode mudar o mundo.
Foi isso que me fez querer ser parte do teu projecto, do projecto do PCP.
Há quem queira, e desde há muito, que a história se apague - idiotas! Isso é impossível. Não se podem apagar factos. Pode-se sim olhar o passado com outros olhos, aprender com ela, o que nunca se pode fazer é esquecer (como muitos já disseram que queriam fazer).

Esquecer tudo, o que tu camarada e, todos os outros camaradas fizeram ao longo do tempo é um exercício de pura ignorância. O passado vem sempre acertar contas connosco, não desaparece (embora para muitas consciências isso fosse "ouro sobre azul"), não se reescreve, apenas se pode reler.

Quanto há história, se muitos acham que ela nunca te dará razão, é porque têm os olhos vendados ao mundo, nunca conseguiram, nem conseguirão ver para além do que se lhes depara à vista.

Morreste numa altura em que a Europa está a sofrer tudo aquilo que tu e os outros camaradas previam há já 20 anos. Dizem que foste coerente porque não mudaste de ideias, nem ideais - mas como poderias mudar se estavas certo?!

Mesmo com toda a pobreza que se vive no nosso país, quando conquistas feitas por ti, enquanto membro do PCP no 25 de Abril, estão neste momento a ser "roubadas" por estes pseudo governadores, intelectuais, há gente que não te reconhece o devido valor?! A resposta afigura-se-me apenas uma: a ignorância é uma felicidade.

Que o teu espírito lutador viva entre os teus camaradas, e nos leve a bom porto. Como dizia o camarada Zeca Afonso "Enquanto há força no braço que vinga, que venham ventos virar-nos as quilhas, seremos muitos".

A Luta continua... Hasta Siempre" (em 13/06/05)
E hoje, passado um ano morre também a tua companheira Fernanda Barroso. Nossa companheira de luta.

As lágrimas voltaram a cair, por ela, por ti. Os sentimentos voltaram em turba, para nos lembrar que não morreste, nem ela. Continuam vivos em nós e, é com isso que transformaremos o sonho em vida.

Tem sido um ano duro para os camaradas, não só pela vossa perda, mas também pelas lutas que se têm travado no nosso país e no mundo. Conforta-nos saber que o ideal e a luta continuam. Posted by Picasa

2 comentários:

Titá disse...

Merecida homenagem!Excelente texto: carregado de emoção, intimista.
Bjs

Anónimo disse...

porra!!!!!!!!