domingo, abril 13, 2008

também posso?! mas não quero ser "presidente da junta de freguesia"!

Porque me irritam profundamente os airosos politólogos (com ou sem formação teórica e prática) que adoram escrever, como criadores de opiniões e verdades absolutas, principalmente quando o objectivo é mais a demagogia política que a praxis, não posso deixar passar isto que é em relação a isto sem tecer algumas considerações (sim, porque mesmo não pretendendo ser alpinista política, também tenho direito a escrever sobre o que bem me apetece, embora e claro está, não tenha direito a publicidade em jornais nacionais! e a minha opinião não pretenda ser um mandamento face a determinada conceptualização da sociedade em que vivo!, ainda por cima construída e estruturada com esse objectivo).

Como desconfio de blogs altamente publicitados e com poucos comentários (e isto não é demência, nem percepção alterada, quanto muito será paranóia, mas às vezes a paranóia é organizadora!), e não vá dar-se o caso de a censura ter sobrevivido a outros tempos, ou quiçá, voltar a estar na moda, reproduzo aqui o comentário que deixei nesse tão afamado reduto de participação democrática, onde colaboram alguns amigos meus, e que para meu descanso continuam a trabalhar pela democracia fora da blogosfera (é que para escrever, na blogsfera ou fora dela, até pode haver gente com muito jeito, para trabalhar, fora da blogosfera, é preciso ter mais alguns recursos que não os da má língua ou má escrita!):

"Talvez as dioptrias também se apliquem a pessoas que lêem uma coisa e interpretam outra, ou para isso tens outro nome?! O post que qualificas de «excelente» mais não passa de um fabrico de retalhos mal conseguido, o que para ser comprovado necessita apenas de leitura atenta da entrevista, onde não diz que não há corrupção, mas diz o seguinte:
"Avante - São conhecidas no entanto as fortes críticas feitas ao governo e ao presidente, as acusações de corrupção ao nível do aparelho de Estado, a existência de grandes desigualdades… Jerónimo de Sousa - É um facto. Mas devo dizer que neste momento sentimos haver um esforço claro do MPLA no combate à corrupção. Neste aspecto, pode dizer-se que, havendo um problema, não se sente a corrupção como um fenómeno instalado e em desenvolvimento, mas antes como uma situação que está a ser encarada e combatida pelo MPLA".
E quando dizes "descriminando ideológicamente tudo e todos, subordinando principios morais e éticos a metas politicas e a dogmas, torcendo a verdade", não me parece que seja o Jerónimo de Sousa que não tem percepção da realidade:
"Avante - É sabido que o PCP e o MPLA, apesar das suas relações de longa data, seguiram nos últimos anos caminhos políticos que estão longe de ser convergentes. Que apreciação é que fazes da evolução do MPLA desde que assumiu o poder em Angola? JS – Para fazer essa avaliação devemos ter em conta vários factores. Em primeiro lugar, temos a questão interna, marcada por uma situação de guerra, com todas as suas consequências devastadoras no plano económico, social e político. A nível externo, houve os acontecimentos a Leste, com a derrota do socialismo e com a desintegração da URSS. Estes aspectos, para além de levarem ao isolamento do MPLA, criaram a necessidade, como os próprios angolanos afirmam, de procurar «novos amigos», alargando as suas relações. Mas importa dizer que também nos reafirmaram – desde o presidente Eduardo dos Santos ao Bureau Político do MPLA – haver uma vontade inequívoca de manter e reforçar as suas velhas amizades, designadamente com o PCP.(...)Um dos problemas de fundo que importa ter presente é que a guerra – que durou mais de 30 anos – acabou há seis anos e que Angola ficou destruída, profundamente devastada em todos os aspectos essenciais para o desenvolvimento de um país: sem empresas, sem agricultura, sem infraestruturas, sem vias de comunicação… Outro dos problemas de fundo prende-se com a situação de Luanda, que passou de um milhão para cinco milhões de habitantes, com tudo o que isto representa de pressão social para a capital do país. De momento, por exemplo, não é possível a área do turismo ter ali qualquer desenvolvimento porque não há estruturas para isso. De qualquer forma, nota-se um esforço tremendo de reconstrução. Luanda parece um estaleiro, com obras de fundo por todo o lado. Estamos a falar de um país em crescimento económico acelerado, a reduzir o desemprego, a tomar as primeiros medidas ao nível da segurança social e da saúde, ou seja de evolução positiva. São mais as potencialidades do que os perigos de retrocesso".
Realmente só existe uma coisa pior que a falta de percepção, é a mentira consciente e construída com um propósito que não o de informar, mas com o de, e usando as tuas palavras, «descriminando ideológicamente tudo e todos, subordinando princípios morais e éticos a metas políticas e a [mitos], torcendo a verdade até esta quebrar e jurando que uma mentira mil vezes repetida se transforma em verdade». Mais cego é aquele que não quer ver!"

Mentira e PCP foi o labeling que usaram para tratar este tema. Como explicar a alguém que é do actual Governo que essa etiqueta se aplica é ao Governo PS, e há depauperização social, económica, cultural e educacional em que está a deixar o nosso país?! E depois, como a percepção dos militantes socialistas deve estar obscurecida por um chip do qual também tive conhecimento no referido blog, escrevem-se pérolas destas (e nem me dou ao trabalho de as diagnosticar para não ser acusada, quiçá, de fazer psicologia política!):
"devo salientar que na minha opinião as sondagens não aceleram os processos judiciais nos tribunais, não pagam os empréstimos ao banco, não antecipam as intervenções cirúrgicas nos hospitais nem reforçam o sentimento de segurança de ninguém. (...) Ultrapassada a barreira de metade do mandato, cumpridas que estão várias metas,superados que estão já muitos objectivos, muitas reformas em andamento, algumas a passo mais lento do que o desejável diga-se,fica apenas por demonstrar ao executivo socialista ter capacidade para absorver o impacto do arrefecimento económico mundial, em particular os efeitos do mesmo nas nossas exportações para Espanha, Alemanha e Estados Unidos da América, já ameaçadas pela "alta" do Euro. Julgo também que falta ainda provar que este Governo sabe resistir à tentação populista de governar a olhar para as eleições de 2009, a total inversão do caminho até aqui percorrido seria perniciosa e contraproducente".

É caso para dizer: "a realidade nem sempre é o que se percepciona"...

Sem comentários: