quarta-feira, agosto 30, 2006

Lenga, lenga, lenga...

Palmilha, até parece mal o que escreveste.
Gostava de saber de onde retiras essas conclusões. O PCP lucra mais com as pessoas que os outros partidos (onde o teu está incluído)?! Estranho, no mínimo. As individualidades são vividas e usadas mais em partidos em que não há uma massa colectiva. Assim como o teu - que até tem um presidente, face ao individualismo e espaço de presença que dão apenas a uma pessoa. E não é intelectualmente correcto, quereres fazer crer, que assim não o é.
Tu, mais uma vez, confirmas o mito, que a sociedade em que vivemos quer fazer real. As pessoas individualmente, sem projecto e ideal, apenas servem os seus interesses. Não é de todo o caso do PCP. Dizes bem, tu votas em pessoas "cada vez mais votamos em pessoas" - cada vez mais, há menos representação do colectivo, como se a sociedade e a sua vivência se pudessem apartar da coesão que lhe pertence, com todas as instituições, indivíduos e regras que instituiu para que fosse uma sociedade e não um aglomerado de indivíduos, que vivem sem identidade colectiva - psicológica, social, económica.
E fico feliz, por admitires, que a lei das limitações de mandatos prejudica o PCP. Em democracia, arranjam-se as formas mais rebuscadas e abruptas de controlo social, que servem para o aumentar da hegemonia política dominante (e com esta a económica e social) - como não arranjam outros métodos, arranjaram esse - interessante que foi votada favoravelmente apenas pelos grupos partidários maioritários da Assembleia da República.
Além do mais, tu que te importas tanto com a vontade do povo - não achas nem um pouco inconstitucional o facto de o povo querer lá X, Y ou Z e não o poder escolher?! Que raio de democracia é que vocês sociais-democratas defendem?! A da ditadura da pseudo democracia?! A ditadura serve a todos quantos defendem políticas que não servem os reais interesses do povo. Não é a escola de Cunhal, é a do PSD e de todos os que são demagogos, em que a praxis é menor que a teoria...
Eu não voto em pessoas. Eu acredito em projectos. Não é por uma pessoa que muito deu ao partido como Cunhal, que a imprensa quis tornar o símbolo do último comunista português, ter morrido, que o seu projecto acabou. É por isso que acredito em projectos, tenho um ideal, que não é abalado, como muitos desejariam, apenas porque muitos dos que já lutaram partiram. Ainda hoje não entendo a necessidade humana de ter mártires para chorar - talvez, secretamente desejassem ter sido parte dele ou desse projecto.
Respeito o teu ponto de vista. Em último caso, a realidade é a que vivemos dentro de nós - o problema é quando não é congruente com a realidade exterior.

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